A cirurgia de redesignação sexual para mulheres transgênero é uma cirurgia muito complexa e cheia de detalhes, além de pouco falada no Brasil.
Nesse artigo, eu falo um pouco sobre essa cirurgia. Além disso, comento sobre alguns dos pontos mais importantes desse tratamento que pode mudar completamente a vida de uma pessoa.
Para quem é esse tratamento?
O conflito entre o gênero que uma pessoa se identifica e o gênero de seu corpo é chamado de Disforia de Gênero.
A sensação de estar presa em uma gaiola, como um pássaro que é impedido de voar, é como algumas pessoas descrevem essa situação.
A princípio, todas as pessoas sentirão algo assim em algum momento da vida. Por exemplo, estar em um emprego que não se gosta ou em um relacionamento em que não se pode expressar sua individualidade. Mas a sensação de sentir-se fragmentado é muito mais intensa para quem tem esse tipo de disforia. É quase como se estivesse vivendo a vida de outra pessoa ao invés da sua própria.
Nesse sentido, além da sensação da mente estar no corpo errado, existe uma questão bem prática. Uma grande parte das mulheres transgênero apresenta um grande desconforto e constrangimento devido ao seu órgão genital (para ir à praia ou academia, por exemplo). Junto a isso, há o preconceito por simplesmente ser a pessoa que é e o risco de rejeição social, familiar e até mesmo de violência física.
Apesar de existirem pessoas transgênero que convivem bem com sua genitália, para outras isso é algo que simplesmente não deveria estar lá.
A cirurgia de redesignação sexual (adequação genital é um outro nome para essa cirurgia) é um passo muito importante no processo de transição dessas pessoas. O objetivo é ajudá-las a alcançar sua real identidade, através do ajuste do seu eu exterior ao seu eu interior.
Em suma, a cirurgia de adequação genital / redesignação sexual transforma os órgãos genitais para que correspondam à identidade de gênero. Essa mudança ajuda uma pessoa nessa situação tão delicada com seu próprio corpo a viver de uma maneira mais feliz sendo simplesmente quem é.
Técnica cirúrgica da Redesignação Sexual
Essa é uma cirurgia muito complexa e detalhada e poucos cirurgiões estão habilitados para fazê-la aqui no Brasil.
Além disso, as técnicas cirúrgicas mais modernas ajudam inclusive a permitir que se tenha sensações, prazer e orgasmo durante relações sexuais.
Em resumo, na cirurgia de adequação genital se usa enxertos de pele para criar o canal vaginal no espaço entre a bexiga e o reto. Os pequenos lábios são criados com a pele do pênis. O cirurgião também separa os nervos e tecidos sensitivos do pênis para criar o clitóris e preservar a sensibilidade sexual. A internação dura 3 dias e a partir do 2° dia já é possível caminhar.
As técnicas usadas tanto nos Estados Unidos quanto na Tailândia em centros mundiais de excelência são as bases para a cirurgia de redesignação sexual feita no Brasil.
Burocracia e requisitos para a adequação genital no Brasil
Para realizar a cirurgia de adequação genital / redesignação, que é um passo muito pessoal da transição de gênero, é necessário se preparar de maneira adequada.
Nem todas as pessoas têm indicação da cirurgia: existem mulheres transgênero satisfeitas e realizadas com sua identidade de gênero mesmo sem precisar fazer a cirurgia.
Além das informações sobre a cirurgia em si, é muito importante se preparar com uma equipe multiprofissional. Isso inclui terapia com psicólogo e tratamentos com hormônios, conforme a resolução 2265/19 do Conselho Federal de Medicina.
Tomar esses cuidados e fazer cada etapa da transição de gênero no momento certo e com profissionais adequados ajuda a equilibrar o estado psíquico com o físico. Isso pode ajudar a abrir as portas do renascimento dessa pessoa e ajudá-la a usar suas próprias asas para levar uma vida mais plena e feliz.
Importante lembrar
Por fim, é muito importante lembrar que a cirurgia de redesignação ainda é um tratamento reparador, mesmo com todo o refinamento estético que se busca.
Isso quer dizer que os resultados e a recuperação normalmente levam mais tempo que em uma cirurgia puramente estética. O tempo de recuperação geralmente é de 3 meses, porém a cicatrização e o inchaço continuam por até 1 ano depois da operação.
Além disso, o resultado da cirurgia de adequação vai variar muito de pessoa para pessoa. Isso inclui a cicatrização, o inchaço individual, a quantidade de pele e as características corporais de cada um. Não existem dois resultados iguais, assim como não existem duas pessoas iguais.
Afinal, cada história de vida e cada pessoa são únicos.